A produção de texto tem por objetivo formar
alunos-escritores capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes.
Sabemos, entretanto, que, embora gratificante para muitos, produzir textos
eficientes não é fácil para ninguém. Muitas vezes, a escola e a família não
proporcionam ao educando um contato sistematizado com bons materiais de leitura
e com adultos leitores ou ainda com situações que exijam práticas de leitura e
de escrita. Assim, no plano da linguagem, o ensino dos diversos gêneros
textuais que socialmente circulam entre nós, além de ampliar sobremaneira a
competência linguística e discursiva dos alunos, aponta-lhes inúmeras formas de
participação social que eles, como cidadãos podem ter fazendo uso da linguagem.
Na
disciplina de Língua Portuguesa, orientados pela Professora Elsa Maria Simon, os
estudantes do 3º ano do Ensino Médio foram desafiados a escrever defendendo o
Tema: ”Há padrões para ser feliz?” Lembrando as diversas tipologias textuais os
mesmos poderiam optar por uma delas. Dessa forma o texto abaixo é uma Carta
Pessoal onde o aluno é um jornalista em viagem pelo arquipélago de Vanuatu e
decide morar naquele lugar. Nessa carta, ele argumenta em favor de sua escolha
convencendo o interlocutor de que encontrou verdadeiras razões para ser feliz.
Arquipélago
de Vanuatu, 20 de Março de 2013
Querida
Paula,
Sei que a
muito não nos falamos, não trocamos uma só palavra. Sei que a muito não chego
ao seu lado e sussurro um “bom dia” em seu ouvido, acompanhado de um radiante e
intenso brilho no olhar, e também sei que a muito não lhe dou um apertado e
aconchegante abraço, que conforta e transmite paz e momentos de segurança
perante este mundo selvagem e infinito.
É, sei que a
muito não a vejo, pois sempre estive preso em meio a livros, notícias, tragédias,
histórias e intermináveis palavras. Vivo pelo mundo. Vivo para o mundo. Minha
vida tornou-se virar o planeta de norte a sul em busca de acontecimentos e
fatos alheios, que se tornarão palavras e encherão os olhos dos singelos
leitores, pacatos cidadãos.
Pois é minha
querida, cheguei ao meu próprio limite. E que engraçado e impactante é perceber
que meu limite são as letras... as minhas próprias notícias.
Em minha
última viagem, encontrei meu lar. Agora poderei descansar e ler só para você
Paula. Nesse paraíso de Deus, chamado pelos homens de Arquipélago de Vanuatu,
repousarei, no berço aconchegante de seus macios e calorosos braços. Aqui,
aposento meu fiel lápis, minha câmera, meus livros e meu bloco de anotações.
Aqui, ficarei e viverei o que restar de mim por você e em sua memória.
Além do
mais, estava necessitando desse tempo com você minha querida. Tempo esse, que
foi intercalado e esgotado pelas minhas falhas e inacabáveis frases sobre
outros cotidianos, encarcerados por práticas insignificantes, porém, repletas
de curiosidade. Mas agora, ficarei até o fim a recitar minha própria história
só para você.
É, estou
aqui, rodeado de árvores majestosas e altivas, que juntas sopram uma
refrescante brisa vinda diretamente das águas plácidas e límpidas desse paraíso
natural, abaixo de um intenso céu azul, em contraste com o negro e movimentado
bater de asas dos pássaros, lá do alto a cantar. Aqui onde encontrei meu
limite, meu destino, forjarei a você uma honrosa promessa:
“Estarei contigo até o fim da minha
vida, pois estava longe e ocupado demais para estar ao teu lado, quando
chegastes ao fim da tua”.
Peço-lhe
perdão, óh querida Paula, por ser um homem tão ausente, tão vago, tão
irresponsável. Um profissional sem alma e sem capacidade de compreensão para
com seus infelizes sentimentos. Perdão.
Sei que está
perto. Peço a você que continue. Logo estarei com você, e poderemos aproveitar finalmente
juntos, todos os dias de nossa eternidade nesse teatro dos sonhos. Aqui faço
meu último documentário. Mas esse é pessoal. Citarei que descobri que a
felicidade existe e precisa ser compartilhada, independentemente da maneira e
do lugar onde for. Paula, agora sim estou feliz para sempre.
Sinto
sua falta.
Anderson
Candeia de Carvalho
(Turma 3A -
Escola Estadual de Ensino Médio Érico Veríssimo/Erechim)